"Julieta", disse ele.
E voltou as costas.
Como se quisesse escolher o nome para uma filha que seria fruto de um amor que nunca tivémos. Ou que, pelo menos, ainda não teríamos tido.
Como se fosse de partida à descoberta de novos trilhos, numa caravela de D. Afonso Henriques, e ansiasse escrever um nome numa carta dirigida a mim. A mim e à Julieta.
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,
E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo. (...)
Fernando Pessoa
Para que a mensagem não se perdesse, boiando num mar imenso encarcerada numa garrafa de cristal. Cristal diamante que brilhasse mesmo num dia chuvoso e enovoado de Abril. Para que fosse encontrada. "Abril, águas mil." Águas de mar e de chuva que me revestissem numa segunda pele e me oferecessem, para além da sua frescura natural e revitalizante, uma promessa inverosímel... mas credível no seio da loucura de um sonho.
MaryMoon
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