Estava eu descansadinha no meu paraíso neste fim-de-semana de Páscoa - que para ser sincera (e a minha avózinha que não me ouça), apenas corresponde a um fim-de-semana prolongado para matar saudades das minhas velhotas, pais, mano, cães, gatos, ar puro e silêncio de passarinhos, ou seja, nada tem de católico, jejum e abstinência de carne? poupem-me... - quando eu e o meu mano decidimos ver um filme galardoado com óscares, o Syriana. Surge uma discussão saudável entre nós, sobre o conteúdo do filme e chegamos à conclusão lógica e visível a tanta gente: onde há petróleo, há cães a salivar por ele. Quando ele escasseia, tudo o que é de valores se perde, usa-se e abusa-se da condição humana, compram-se favores, pagam-se dívidas eternamente e até se troca de moral. Ostentações de ouro, posturas dignas de empresários que por baixo de fatos caros escondem almas repletas de prevaricação e podridão opostas à miséria da maioria dos cidadãos dos países onde abunda esse petróleo. Por que é que a maioria desses cidadãos são tão pobres? Enquanto uns enchem os bolsos de dinheiro, outros vazam-nos.. do ar que têm. Opino isto sem ser adepta da sociedade em que toda a gente deve ter o mesmo. Não acho que isso seja justo para quem trabalha. Mas agora chego a casa e vejo a notícia de que 70 empresas internacionais estão a salivar pelo petróleo do Iraque?? Incluindo empresas de países opostos à guerra?? 5 anos de guerra, 100 mil civis mortos, 9 mil soldados americanos mortos, cidades destruídas, em nome de um ditador mediaticamente executado a rogar pragas aos invasores e a proferir que DEUS só há um: Alá e mais nenhum - tive de parar de jantar quando vi este documentário. Imaginem, estou na minha casa numa terra que borbulha hidrocarbonetos quando BAM! explodem a cidade onde eu moro e a minha família .......... bem... chega de imaginar.... cenários que poderiam só fazer parte de um filme.
Há realidades que me ultrapassam.
E depois vem a opinião pública ficar escandalizada com algumas faltas de moral e de integridade visíveis na nossa sociedade. Todos vêm e ninguém faz nada, em nome da economia mundial e de um capitalismo sem pudor.
Perfeita hipocrisia.
Há realidades que me ultrapassam.
E depois vem a opinião pública ficar escandalizada com algumas faltas de moral e de integridade visíveis na nossa sociedade. Todos vêm e ninguém faz nada, em nome da economia mundial e de um capitalismo sem pudor.
Perfeita hipocrisia.
2 comentários:
Realmente há "teatros" que arrepiam! Como é possível que alguém com n armas de destruição maciça e com um dos maiores staff's militares do mundo ande por aí a dizer quem pode e quem não as pode ter. Têm a mania, e bem, porque os deixam fazer tudo o que lhes apetece, que são os donos do mundo, tal qual o "país menino mimado" das nações.
Realmente o Iraque teve armas de destruição maciça, nos anos 80, quando era aliado dos Estados Unidos, quando servia os interesses do imperialismo na região com a guerra contra o Irão e quando no plano interno massacrava outros indivíduos. Além disso quem continua a possuir armas de destruição maciça são os seus aliados e em especial o seu amigo de sempre, Israel, que prossegue uma política de terrorismo de Estado contra o povo da Palestina.
Já para não falar que ao contrário do que diziam, e agora desmente o Pentágono num relatório que teve por base documentos iraquianos confiscados, Saddam não tinha quaisquer ligações à Al Qaeda nem a Bin Laden. O mesmo Bin Laden que também foi aliado dos EUA, treinado e armado pelos mesmos.
O pior de tudo é que qualquer dos candidatos às presidenciais americanas não concebe a retirada imediata do Iraque, há lá sempre um subterfúgio para a manutenção ou a súbita necessidade de defender a democracia. Até Obama que tinha sido contra a guerra desde o início tem uma política de manutenção das tropas no Iraque... Manutenção como subterfúgio para controle e ditadura americana do saber fazer democracia.
No fundo, continuam a dividir para reinar - tão bem aprenderam com Bonaparte, um despótico! Resta-nos a esperança de que os indivíduos não durmam na tranquilidade de que nada se passa e de que nada se pode fazer. Sou portuguesa e não admitiria de braços cruzados que invadissem o meu país, que o destruíssem e o dilacerassem. Penso que existem muitas mais pessoas assim. É caso para dizer, como dizia o Che, "prefiro morrer de pé que viver de joelhos".
Desde os primórdios da Humanidade que se guerreia por tudo o que possa representar domínio sobre os outros: fogo, água, os solos mais férteis, expansão territorial e imposição religiosa, armamento...
A natureza humana é essa. A questão de Culpa ou Inocência é como discutir o Sexo dos anjos.
Não se pode simplificar isto em preto e branco, existem milhares de outras cores envolvidas.
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