sexta-feira, novembro 09, 2007

Sente alguma coisa? Tome uma aspirina.

Perplexa. Foi como ficou a minha integridade ética e profissional quando foi "assaltada" pela campanha de marketing do "remédio" secular e mundialmente conhecido: o ácido actelisalicílico, mais genericamente conhecido como Aspirina.

Não consegui deixar de sentir a ebulição dos meus líquidos gastrointestinais quando processei a informação que é transmitida por aquele spot publicitário. Banalização da toma de medicamentos? Bah! Corri do sofá e fui vomitar. Sou a favor da toma, claro. Apesar de achar que sofrer faz parte, chega-nos o sofrimento da alma. Não físico. Se esse se consegue anular com químicos (sim e a Natureza também tem químicos, não me venham com o que é natural é bom! E a cocaína, não é natural? - mas claro que devem achar que é bom, dizem - e a cicuta? Nem posso ouvir "O que é natural é bom.")

A dor é um sinal. De que algo no nosso organismo não está bem. Devemos entendê-lo como um sinal de alerta. Mas existem dores convencionais e fisiológicas que já são esperadas e essas podemos anular para não sofrermos. Falo das dores menstruais (mas não tratadas com aspirina porque aumenta a hemorragia), das dores de cabeça (quando não são recorrentes)... mas agora, DORES MUSCULARES PROVOCADAS PELO EXERCÍCIO FÍSICO????? O que é isto????? Prefiro dizer não exagerem e façam o exercício gradualmente para não sentirem tanta dor. Qual é o objectivo? Ganhar uma úlcera? Palhaçada de banalização e desespero histérico para facturarem a subida de vendas, aproveitando a liberalização da propriedade das farmácias e da venda de medicamentos não sujeitos a receita médica, fora delas. Só faltava chegarem agora e dizerem: "Sente alguma coisa? Então tome uma aspirina! Não é só para a dor de cabeça, também dá para qualquer sensação...!"

Nota de rodapé: sente calor, tome, sente dor, tome, sente aflição, tome, sente medo, tome, sente? tome! (Mas não se admire se apanhar uma úlcera.)

2 comentários:

Tânia Mealha disse...

Concordo contigo, mas confesso, que num mundo onde a banalização de tudo parece ser um cliché, não me surpreende, infelizmente, a banalização da toma de medicamentos. Só faltava dizer, e mesmo sem publicidade é algo que já acontece na maior parte dos países ditos "desenvolvidos": sofre de amor?! tome uma aspirina!
Basta ver as estatísticas inacreditáveis de gente com depressões...

Anónimo disse...

TU E SÓ TU!!!
ADORO TE
:D