segunda-feira, dezembro 17, 2007

Botão Branco

Um botão branco numa camisa preta, perseguido por outros botões pretos, proclama por consideração como se fosse um néon de neve num pano de fundo escuro. Até parece que grita pelas suas casas mais abertas do que as dos outros botões. Tem medo, está preso e cheio de medo, por não conseguir inserir-se no meio dos outros botões ou por não conseguir libertar-se dos outros botões. E então GRITA

(pelas suas casas)

GRITA bem alto e reivindica a sua condição de diferente e exclusivo.

Afinal é único.

Mas vai daí, outro botão grita ainda mais alto e diz-lhe:
"Um dia eu hei-de amar uma pedra e essa pedra há-de amar-me a mim sem medo e cobardia de falhar. Sem ter vertigens na altura da queda livre. Castra-te. Castra-te. Pode ser que um dia fiques como uma pedra.

Mas uma pedra que eu não vou querer amar."

quarta-feira, dezembro 12, 2007

Do lado certo

Quem é que sabe?
John Malkovich é que sabe.


terça-feira, dezembro 04, 2007

Dá-me para isto

"A mulher está sempre ao lado do homem, para o que der e vier. O homem, está sempre ao lado da mulher... que vier e der."

in "O Amor é..." Antena 1 - Júlio Machado Vaz

sexta-feira, novembro 23, 2007

The Get Go

Tenho gostado particularmente desta música que tem passado na radar:



São os The New Young Pony Club.

quinta-feira, novembro 22, 2007

She's lost control



Uma junção de grandes fotografias.
Representações brilhantes: Sam Riley e Samantha Morton (aquele grito a pedir ajuda fez explodir o que eu estava a conter).
Simples.
Silencioso o suficiente para fazer indagar o porquê do suicídio.
Porquê? Se eras tão bom?



The confusion in her eyes it says it all
She's lost control
And she's clinging the nearest passerby
She's lost control again
And she gave away the secrets of the past and said
I've lost control again
And the voice who told her when and where and why she said
I've lost control again

And she turned around and took me by the hand and said
I've lost control again
An how I've never felt just why I don't understand she said
I've lost control again
And she screamed out kicking on her side and said
I've lost control again
And she's upon the floor; I thought she died she said
I've lost control again

She's lost control again
She's lost control
She's lost control again
She's lost control

And I had to phone her friend to state my case and say
She's lost control again
And she showed up all the errors of the states and said
I've lost control again
And she expressed herself in many different ways until
She lost control again
I walked upon the edge of no escape and laughed
I've lost control again

She's lost control again
She's lost control
She's lost control again
She's lost control

quarta-feira, novembro 21, 2007

Crença

Penso mais que....

.... quando encontramos a pessoa certa, qualquer altura é certa.

segunda-feira, novembro 19, 2007

I love Kar Wai



O amor é apenas uma questão de oportunidade.

De nada vale encontrar a pessoa certa antes ou depois da altura certa.

sexta-feira, novembro 09, 2007

Sente alguma coisa? Tome uma aspirina.

Perplexa. Foi como ficou a minha integridade ética e profissional quando foi "assaltada" pela campanha de marketing do "remédio" secular e mundialmente conhecido: o ácido actelisalicílico, mais genericamente conhecido como Aspirina.

Não consegui deixar de sentir a ebulição dos meus líquidos gastrointestinais quando processei a informação que é transmitida por aquele spot publicitário. Banalização da toma de medicamentos? Bah! Corri do sofá e fui vomitar. Sou a favor da toma, claro. Apesar de achar que sofrer faz parte, chega-nos o sofrimento da alma. Não físico. Se esse se consegue anular com químicos (sim e a Natureza também tem químicos, não me venham com o que é natural é bom! E a cocaína, não é natural? - mas claro que devem achar que é bom, dizem - e a cicuta? Nem posso ouvir "O que é natural é bom.")

A dor é um sinal. De que algo no nosso organismo não está bem. Devemos entendê-lo como um sinal de alerta. Mas existem dores convencionais e fisiológicas que já são esperadas e essas podemos anular para não sofrermos. Falo das dores menstruais (mas não tratadas com aspirina porque aumenta a hemorragia), das dores de cabeça (quando não são recorrentes)... mas agora, DORES MUSCULARES PROVOCADAS PELO EXERCÍCIO FÍSICO????? O que é isto????? Prefiro dizer não exagerem e façam o exercício gradualmente para não sentirem tanta dor. Qual é o objectivo? Ganhar uma úlcera? Palhaçada de banalização e desespero histérico para facturarem a subida de vendas, aproveitando a liberalização da propriedade das farmácias e da venda de medicamentos não sujeitos a receita médica, fora delas. Só faltava chegarem agora e dizerem: "Sente alguma coisa? Então tome uma aspirina! Não é só para a dor de cabeça, também dá para qualquer sensação...!"

Nota de rodapé: sente calor, tome, sente dor, tome, sente aflição, tome, sente medo, tome, sente? tome! (Mas não se admire se apanhar uma úlcera.)

quarta-feira, outubro 31, 2007

GATAGIRL

Pedras no meu sapato?
Apanho-as todas e atiro-as com grande precisão e pontaria... assim, mesmo em cheio. Para fazer galo. Depois viro costas e sigo em frente.

AHAHAAHAHAHAHAHAHAHAH

É tão bom sonhar e puxar pelo nosso lado mais sombrio, sermos fortes e vingativos através do nosso alter-ego e realizarmos um filme bem à Tarantino.

Assim, GIRL POWER ou GATAGIRL POWER ;).

sexta-feira, outubro 26, 2007

Da Rússia com muito rancor...

Putin que o par@£§!
Nem o Benjamin Biolay me salvou desta perda de anos.

terça-feira, outubro 23, 2007

Benjamin



Benjamin Biolay - "Dans La Merco Benz"
Álbum Trash YéYé


Acordar e perceber que tem de ser mais um dia. Um dia em que lutas para que algo de diferente aconteça e não te deixe mergulhar na apatia monótona e sufocante. Queres respirar e abres a janela do carro... pufff! O cigarro do condutor vizinho misturado com o monóxido de carbono dos condutores vizinhos misturado com os perfumes dos condutores vizinhos. Que horror. Estás, Cláudia, estás encravada, sim, reprimida. Não consegues respirar, bem... profundamente. Acordas a pensar em como era bom ter o mar ali, logo ali, ao acordar. Poder pôr o pé na areia logo de manhã, antes de te dedicares a um dos teus sentidos da vida. Penso. "O que é que eu estou aqui a fazer?", meto a mudança e penso, "Mas por que é que sou mais uma num milhão que tenta entrar numa cidade sozinha num carro de tantos lugares?", e volto a pensar "Que direito tenho eu a poluir o ambiente, a julgar-me dona suficiente do Mundo e prepotente o suficiente para alugar um espaço fútil e desnecessário, para no fundo culminar tudo num tamponamento congestivo?", e ainda volto a pensar que poderia fazer, uma maluquice e idiotice bem benigna "Pst! Tu aí, desse carro, encosta o teu carro p'ra aí. Melhor! Vende-o! Passas a atravessar comigo todos os dias este elo tão ténue em que toda a gente se afunila e atropela... anda, e assim libertamos espaço e não contaminamos o ar que respiramos. Matamo-nos menos. Anda! Vem. Olha chama a outra pessoa do outro carro e diz-lhe para fazer o mesmo. Vem, combinamos, conhecemo-nos melhor, fazemos mais amigos. Para que nos fechamos cada vez mais? Vem, entra. Fica. Se quiseres...."

Piiiiiiiiiiiiiiiiii!!!!!!!!!!!!!! "Acorda pá! estás a dormir ainda??!!??? Anda com essa merd@!!! Carroça! Vê-se mesmo que és mulher!" Sobressalto-me... estava a sonhar claro. Embalada pelo Benjamin Biolay, tudo é mais possível. Penso "Palhaço do caraças, se pudesse, espetava-te com a carroça e logo verias como é que é ser mulher."

Respiro fundo... Fecho os olhos pouco tempo para não parar de novo. Meto mais uma mudança. Não escolho o caminho porque ele já está escolhido.

Talvez um dia faça inversão de marcha.

sexta-feira, outubro 19, 2007

Frima-te

"Este final de Setembro, o mês dos meus anos, tem-me custado. Perguntas sobre perguntas acerca de mim mesmo e a angústia do sentido da vida e da forma como me relaciono com ela. O que posso fazer, o que devo fazer? (...) Os meus defeitos aparecem-me de forma muito clara e dolorosa. Não só os meus defeitos: as minhas insuficiências, os meus erros. Sempre imaginei que um livro resgatava tudo: não resgata. E no entanto continuo a escrever, como se esse acto contivesse em si a minha salvação. (...)

Vou-me olhando de forma cada vez mais distanciada e sem indulgência. A impressão, melhor: a certeza de haver falhado. O quê? Não estou deprimido, não me sobra tempo para depressões, sou apenas um homem, diante do seu espelho interior, que não gosta do que vê. O que poderia ter feito? O que deveria ter feito? Esta permanente tortura que a gente disfarça. A ideia recorrente que aquilo, quer dizer que a única coisa que a vida nos dá é um certo conhecimento dela que chega tarde demais, sempre tarde demais. Grandes cães que se entredevoram dentro de mim. (...)

Apetece-me desaparecer atrás das palavras, ser de facto o ninguém que sou: um nome apenas, numa capa. E deixar o resto para mim, dado que não tem nenhuma importância colectiva.

Agora é manhã e está sol. Nenhum ruído à minha volta. Se eu pudesse passar a vida a limpo, como diz o Drummond, corrigia quase tudo. Que pena não podermos emendar os dias, o que fizemos, o que somos. Um demónio qualquer distorceu-me tudo ou fui eu quem distorceu tudo?

Agora é manhã e está sol. Se eu fosse DEUS parava o sol sobre Lisboa, escreveu Fernando Assis Pacheco.
"- Está solzinho, que horas são?" Esteves nossos diminutivos de que tanto gosto.
Oxalá o sol continue parado sobre Lisboa, parado sobre mim e eu embalsamado nele. Vestido dele. Afogado nele. Se eu fosse Deus era uma carga de trabalhos, não lhe invejo a sorte.

Nada mudou e tudo mudou: como eu gostava de ser pragmático, em lugar de viver numa nuvem cujos limites, aliás, distingo mal. Ou então a nuvem sou eu. Gasoso. De que raio de substância sou feito? Estou a deixar a caneta correr ao gosto dela, sem policiar nada. Que faça o que lhe apeteça. O Sol desapareceu, voltou. Olho em volta, regresso ao papel. Está solzinho, que horas são? O Júlio Pomar
- Aguenta-te
e há alturas em que é difícil aguentar, Júlio. Que raio de destino, que sina. A voz dele
- Como estás tu?
e a lata de me perguntar isto a mim que nunca sei como estou, nunca soube como estava.
- Como estás tu?
é a pergunta mais difícil de responder do Mundo."

António Lobo Antunes, in crónica da Visão edição nº763 - 18 de Outubro de 2007 Se eu fosse Deus parava o Sol sobre Lisboa

segunda-feira, outubro 15, 2007

Xavier

Sábado chegou mais um hóspede a minha casa: o Xavier.

O Xavier é uma pequena peste, direi até um pequeno leão... o seu lado pueril faz com que fique embasbacada a observar as suas brincadeiras com tudo o que mexe... e até com tudo o que não mexe. Desde saltos e correrias desenfreadas, até loopings e mortais elásticos, o Xavier é um autêntico trapezista. Chega até a pendurar-se nas minhas cortinas de fitas, tal qual lianas, e anda suspenso de um lado para o outro tal qual Tarzan! Dei por mim a indagar comigo: mas que raio, deram-me um gato ou um macaco?!?

De repente, como se a sua energia dispendida esgotasse subitamente, o Xavier cai para o lado e hiberna horas e horas em qualquer posição. No meu colo, no meu ombro, na cama ao meu lado... olha para mim com os seus olhos cinzentos e lentamente, começa a fechá-los como se tivesse dopado por um alucinogénico qualquer.

Derreto-me completamente.

terça-feira, outubro 02, 2007

Femme Fatale

Não se vestia de saia curta nem de decote exposto para ser considerada uma femme fatale, toda ela adornada por uma volúpia peculiar, como se o seu charme fosse tão natural como o ar que respirasse. Não era somente o seu palmo de cara. A sua atitude e postura tornavam-na um ser singular, tão irresistivelmente atraente que até fazia rodar cabeças involuntariadas pela lei da atracção e da tentação.

Ninguém deixava de repará-la. Nem mesmo a mulher mais universalmente "bonita". Atrever-me-ei a compará-la à sensualidade marcada da Anita Ekberg na Doce Vida, misturada com a beleza ingénua e pueril de Marilyn Monroe, ainda rematada por uns toques finais da infantilidade rebelde e erótica de Maria Schneider naquele Último Tango...
Apesar da comparação ela era exclusiva, como qualquer mulher que por ser única o é, mas... ela era a mais exclusiva da exclusividade. A mais sensual da sensualidade. E por isto tudo, uma verdadeira femme fatale.

Esta femme fatale disfarçada de Miúda Marota atraía homens e mulheres que ambicionavam a sua carne, mas repelia homens e mulheres que não sustentavam ficar à sombra da sua presença.
Uma noite, saiu à rua sozinha como sempre. Nem se importava assim tanto. Afinal não devia nada a ninguém, não estava sujeita às podridões que teimavam enfrentar o seu olhar... aquele olhar de lince que em tudo repara e que nada lhe escapa. Assim como se fosse um detector de almas. Ah... tantas que a rodeavam e não valiam sequer um segundo olhar.
Nessa noite, comandada e embalada pelo seu melhor companheiro, aquele cujo nome deriva do árabe e que tem na sua cadeia um grupo hidroxi, ou seja, um grupo -OH. Vamos-lhe chamar Alcoxi (porque não?). O Alcoxi acompanhava-a constantemente e dava-lhe a força que ela precisava para enfrentar o mundo de cães babados e danados para a possuir. Com o Alcoxi era-lhe permitido igualmente abstrair-se da apatia e solidão, deixando-se levar pela música como se fosse um Dó maior a flutuar na pista de dança. O Alcoxi em grandes quantidades acentuava-lhe ainda mais a sua volúpia inata e marcava-lhe com maior relevo o seu olhar de matadora. Aquele olhar de femme fatale que atinge o alvo disfarçando que olha para o infinito.

Cai o primeiro pato. Aquele pato estúpido que sempre venerara embasbacadamente a Vénus que casualmente cruzava o seu caminho.
Diz-lhe : (vamos chamar-lhe Pato)

Pato (P): O teu mistério atrai-me.
Femme Fatale (FF): Ai sim?
P: Sim.
FF: E não receias que seja uma caixa de Pandora?
P: Não. Tanta beleza não pode esconder todos os males do Mundo. Todos os males do Mundo não conseguem penetrar em tanta beleza.
FF: Não é o que conta a lenda...
P: Não quero saber o que diz a lenda. Quero saber de ti. Diz-me, gostas de mim?
FF: ....
(Espeta-lhe um beijo daqueles que até encostam contra a parede e o fazem sentar em cima do caixote de lixo.)

(...)

P: Há tanto que queria isto...
FF: ...
P: Esta sensação de déjà vu... vai repetir-se? Igual ao passado?
FF: ...
P: Fala. Diz-me.
FF: ...
P: Porquê? Porque sim? Porque, nada? Porque... talvez?
Talvez quisesses mais uma vez extravasar a tua liberdade e moralidade condicionada pelos teus princípios? Talvez tivesses conseguido ultrapassar ou até esquecer momentaneamente a verdade que queres seguir? Só queria saber porquê e o quê? Fala. Diz-me. Não firmaste um pacto comigo, não. Não estou a reivindicar reciprocidade sentimental, não. Continuas livre, sim.
FF: ...

Manteve-se aquele silêncio mudo e ensurdecedor. Silêncio que se traduziu em gestos e olhares cúmplices barulhentos o suficiente para abafar qualquer resquício de déjà vu sobre um passado que apesar de efémero, fortemente marcou o pato. O pato estúpido. O pato abafou tudo porque queria afastar o prenúncio do que viria a seguir. Ele não queria o que viria a seguir, apesar de já saber o que viria a seguir... A inevitabilidade acabaria por acontecer:

Ela virou as costas.
Mais uma vez.



quinta-feira, setembro 27, 2007

Opposite

Por que é que o que uma pessoa quer, quer outra coisa que por sua vez quer outra; esta outra ainda quer mais... mas mais outra, outra diferente e não recíproca da coisa que o quer. Círculo vicioso?

Fdx.

segunda-feira, setembro 24, 2007

Mudança









O taxista pende,
para uma faixa e para outra,

como uma Balança.



Mete a 1ª, o carro responde
Mete a 2ª, o carro pede mais
Mete a 3ª e insiste, aquele ruído sôfrego que pede mais uma...
Mudança.


E eis que ele percebe. E muda. De mudança.


Não consegue seguir uma só faixa de rodagem (importa?) e ainda me põe mais tonta do que eu imaginaria estar.


Mas chega ao destino. Chegou.


Eu, uma mera transeunte cujos sapatos ecoam como se fossem altifalantes numa rua deserta ainda sem vida quando... afinal alguém já acordou. Mesmo que seja a sapiência que não dorme tanto de noite e passeia, de madrugada, para acordar o dia.


Não estou tão só, afinal.


O que interessa é que ele pôs a 4ª e depois a 5ª e chegou ao destino.


É onde vais chegar.


Falta só a força para meter a mudança.

Força.

Tocam tão bem cá dentro

Estas músicas fazem-me tão feliz.
Com esta banda sonora tudo é possível... na minha imaginação.
É tão bom estar viva.


"Ocean Of Noise"
The Arcade Fire (Neon Bible)

In an ocean of noise
I first heard your voice
Ringing like a bell
As if I had a choice, oh well!

Left in the morning
While you were fast asleep
Into an ocean of violence
A world of empty streets

You've got your reasons
And me I've got mine
But all the reasons I gave
Were just lies to buy myself some time

In an ocean of noise
I first heard your voice
Now who hear among us
Still believes in choice?
Not I!

No way of knowing
What any man will do
An ocean of violence
Between me and you

You've got your reasons
And me I've got mine
But all the reasons I gave
Were just lies to buy myself some time

I'm gonna work it out
Cause time wont work it out
I'm gonna work it out
Cause time wont work it out for you
I'm gonna work it on out.



"Untitled"
Interpol (Turn on the bright lights)

surprise sometimes
will come around
surprise sometimes
will come around

I will surprise you sometime
I'll come around
I will surprise you sometime
I'll come around
when you're down

terça-feira, setembro 18, 2007

MAKE SOME NOISE

OlhOs vEndADOS:
Para que o Mundo veja que não está a ver.

voZEs que gRItAm:
Para que oMundo desperte da sua paralisia social.

(Quase que parece aquele macaco... que não vê, não ouve e não fala.)

Fomos nós tão pequeninos que neste domingo simbólico tentámos ecoar e acordar o Mundo da sua apatia imobilizante. Balde de água fria? Sim, éramos apenas 100. Mas mesmo assim puxámos pelo nosso interior e exibimos as nossas goelas para provar... sim, provar que é inconcebível parar, impossível ficar indiferente à calamidade dissipada mesmo ao nosso lado.

Ali já... ali.

Chega de tanta irresponsabilização. Chega de tanta indiferença e presunção.

Please MAKE SOME NOISE. Please SAVE DARFUR.

http://www.globefordarfur.org/act_now/signup.php

terça-feira, setembro 11, 2007

Herrar é umano

Apontas o dedo a quem te rodeia como se aspirasses ser o centro da razão. Eu sei que queres.

(Desculpa, mas não és.)

Não é porque aos teus olhos julgas ser um exemplo a seguir que faz de ti Messias.

Somos em parte seres autómatos comandados por moralismos socialmente impostos onde todos salivam por um erro alheio... para depois, orgulhosos do seu "puritanismo", exporem os dissidentes em praça pública como se fossem um qualquer facínora num juízo final.

Esqueceste-te que nunca me candidatei a um prémio Nobel da Paz. Não quero ser um exemplo a seguir. Exigiria de mim viver constantemente condicionada por opções hipocritamente defendidas, só para agradar quem? Uma sociedade que todos os dias se espelha em erros sucessivos?

Errar é humano. Fingir é que não é. Ainda bem que errei. Ainda bem que bati com a cabeça e fiz galo. Mas aprendi. Arrepender-me de ter errado? Medo de voltar a errar? Nunca. Como reflecte aquele filme lindo embalado pelo Philip Glass... Qual é o significado do arrependimento, quando na altura em que errámos não existia alternativa? É tão fácil arrependermo-nos do que fizémos quando as consequências são devastadoras... Não penso nada assim.

Assumo. Admito. Estou aqui para olhar de frente quem nunca errou, sem qualquer réstia de vergonha estampada no meu rosto. É a nossa dignidade que importa. A nossa força em admiti-lo e seguir em frente, absorvendo ao máximo o que tiramos desta vida para depois podermos viver conscientemente felizes. Sorte de quem nasce com um mapa orientador e vê sempre tudo a preto e branco... sem zonas cinzentas para atrapalhar o seu moralismo pregado.

(Deixem só que a tentação os tente... para ver se resistem.)

Viverei o resto da minha vida com as lições que aprendi na esperança de errar cada vez menos. Mas nunca deixarei de viver como quero, ou viver o que os outros me impõem, só por ter medo de errar.

segunda-feira, setembro 10, 2007

Bonjour, Tristesse



Otto Preminger presenteou-me com esta maravilhosa adaptação do livro de Françoise Sagan naquela noite sob as estrelas, sentada na cadeira da esplanada da cinemateca.
No ciclo da Cinemateca "Cinema na Esplanada: Filmes da Praia, Filmes sobre Filmes e Elvis Presley". Vislumbrar Jean Seberg (linda, linda, linda...) reflectida no ecrã faz com que apeteça dizer Bonjour, tristesse... todos os dias.

sexta-feira, setembro 07, 2007

Relativização

Oded Balilty, The Associated Press. A Jewish settler struggles with an Israeli security officer during clashes that erupted as authorities evacuated the West Bank settlement outpost of Amona, east of the Palestinian town of Ramallah.



Jan Grarup, Denmark. Displaced people wait for food distribution near the village of Habile, in Chad in November. Attacks by the Janjaweed, an Arab militia said to be backed by the Sudanese government, spread from the Darfur region of Sudan across the border to Chad. Janjaweed on horseback burnt the villages of black African farmers on both sides of the border, killing and raping inhabitants in a pattern of ethnic violence that has displaced hundreds of thousands.


Arturo Rodríguez (30), Spain. Tourists, security forces, and Red Cross workers attend to African migrants who have landed on La Tejita beach on Tenerife, in the Canary Islands, Spain. Tens of thousands of migrants arrived in 2006, in small wooden boats with up to 150 people on board. They faced a sea journey of some 1,000 kilometers, and many arrived starving, dehydrated, or died on the way. Some migrants are repatriated, others are sent to mainland Spain, but many end up in limbo, unable to gain work papers yet unwilling to go home.

Akintunde Akinleye, Nigeria, Reuters.A man rinses soot from his face at the scene of a petrol pipeline explosion in Lagos, Nigeria, on December 26. At least 260 people were killed after a punctured pipeline caught fire. Thieves had tapped
it to fill tankers with petrol for resale, and hundreds of people had gone to the scene to scoop up leaking fuel in plastic containers. Pipeline vandalism and fuel theft are common in Nigeria, the world's eighth largest exporter of oil, where most people live in poverty.

Vão ver e relativizem todos os vossos pequenos problemas.
World Press Photo 2006 no Museu da Electricidade.

quinta-feira, agosto 30, 2007

Cartola

Deixe-me ir preciso andar,
Vou por aí a procurar,
Rir pra não chorar.

Quero assistir o sol nascer,
Ver as águas dos rios correr,
Ouvir o pássaros cantar,
Eu quero nascer quero viver...

Deixe-me ir preciso andar,
Vou por aí a procurar,
Rir pra não chorar.

Se alguém por mim perguntar,
Diga que eu só vou voltar,
Depois que eu me encontrar...

Quero assistir o sol nascer,
Ver as águas dos rios correr,
Ouvir o pássaros cantar,
Eu quero nascer quero viver...

Deixe-me ir preciso andar,
Vou por aí a procurar,
Rir pra não chorar.


(Obrigatório ouvir... in Cidade de Deus)

quinta-feira, julho 19, 2007

Vínculos de Sangue

O meu amanhã é assim tão claro na tua bola de cristal?

O sangue que corre nas minhas veias a uma velocidade louca para chegar a todo o meu corpo assemelha-se à minha vontade de querer percorrer o Mundo e chegar a todo o Globo.

As mesmas pedras que se atravessam no meu caminho assemelham-se ao mesmo atrito vascular que faz "estagnar" o sangue que percorre a uma velocidade louca no meu corpo. É inato. Afinal, sou do mesmo sangue.

(Chega de chorar sobre o leite derramado.)

Queria dizer-te com os meus olhos que sou feliz... mas sem deixar transparecer o quanto me custa encarar a tua verdade. Eu preferia mil vezes antes que não tivesse sido assim, não percebes? Que não se escolhe ao contrário do que tu tanto reivindicas?

Terá de ser o tempo a provar-te aquilo que eu queria provar-te mas que não consigo, porque... infelizmente... ainda não tenho provas do futuro que acontecerá... ou não. Mas só o tempo o dirá.

Dá-me tempo. Eu dar-te-ei o teu.

terça-feira, julho 03, 2007

Refúgio Obrigatório

Al-horizonte.

Cerca da Moura.

A sombra.


Janela Indiscreta.


Barbeiro de Alfama.

Al-pão.

Cat window.

Alfama Cosmopolita.

Dolly: Clone?

segunda-feira, julho 02, 2007

Saavedra

"Aquele que perde a riqueza perde muito,
Aquele que perde um amigo, perde mais,
Mas aquele que perde a coragem... perde tudo."

CERVANTES

quinta-feira, junho 21, 2007

Auto-Mentalização

Não está certo.

Tzzzunt Tzzzunt ZzzZzzZZZZZTTT!

Curto-Circuito neuronal: neurónios fliparam. Bloqueio mental.

TunTunTunTunTun- TunTun- TunTun-TunTun-TunTun-TunTunTunTunTunTun

Pára de bater coração, pára, pára, pá-ra, p-á-r-a... De tanto bater, qualquer dia páras de vez.

_____________________________________________________________

Não páres, abranda antes... Mais devagar....

TunTun.......TunTun...... TunTun.........

Afinal, não é por isso que o que queres vai ficar.


Por que é que me apetece o que não está certo.

quarta-feira, junho 20, 2007

Transeunte Voyeur

Rua Serpa Pinto. (Quem foi Serpa Pinto?) Oficial do exército extinguido em 1900. Acabará um século e começará um outro no qual eu cheguei ao Mundo. Sem me pedirem licença. Sem me rogarem permissão.

Rua Serpa Pinto. (Mas afinal quem foi Serpa Pinto?) Vagueio como uma transeunte voyeur, reparo, reparo... sim, reparo, examino o candeeiro amarelo que ilumina a janela e pergunto-me se o sol chegará a iluminar a minha casa.

Observo outro transeunte que também repara em mim. (Será que é por estar só, também, como eu?) Estava sentado atrás de mim, de olhos postos num livro (que depois se desviaram). Minutos depois, atravessa-se à minha frente. Eu reparo e reconheço. Confirmo a minha memória visual olhando para trás, confirmo se já não estava sentado na cadeira por trás de mim. Não estava. Era ele. Só e com rugas que marcam uma vivência. Que rugas... depressões marcadas por uma força muscular que contraria qualquer fibra elástica da pele... e a parte.

Irreversivelmente.

A parte.

Como se o tempo tivesse expirado. É a apoptose.

Não o culpem por ter rugas. Chega de ostracizar a vetustez, de preconceituar a sapiência. Ninguém tem culpa da pele ceder.

"-Ah! Olha aquela cheia de rugas!" Aquela que se expõe constantemente em revistas cor-de-rosa (sujeita-se a isto, ela)... expõe-se, expõe-se... há alguém que não se expõe? Por acaso vivemos enclausurados longe da convivência social para ficarmos imunes à percepção real dos outros que nos olham? (Dos outros que estão desejosos de nos detectarem fragilidades, para nos apontarem?)

Culpem o velho se ficou velho e não aprendeu.

Culpem o velho se errou e não aprendeu. Se voltou a errar e não aprendeu. (ah, e quem não voltaria a errar, mais uma vez?)

Culpem-lhe se a evolução (sim evolução) para a velhice não se traduz em sabedoria... em inteligência... em partilha altruísta de tudo o que a vida lhe ensinou ou de tudo o que dela quis aprender.

Culpem-lhe se a velhice não se traduziu em complacência.

Vá lá... não lhe culpem pela sua existência.


(Que admiração (esta minha) pela anciania. Que enjoo. Não me consigo calar, parar de escrever sequer.)

Vómito

Penso que, penso que... penso tanto. Que enleio. Que novelo desorganizado.

Absorver Lobo Antunes até ao âmago da alma. Adorar, adorar. Adorar ler Lobo Antunes. Gostava um dia de ser assim, escrever assim, exprimir-me assim. Parece que as palavras lhe vomitam do núcleo por um fenómeno de sublevação. Palavras nada congeminadas, nada predeterminadas, nada calculadas, não há matemática na escrita... muito menos exactidão. Aposto que a caneta não acompanha a força impeladora que sente e o obriga a escrever. A vomitar.

Forgive me. Let live me. Set my spirit free.

Música deprimente que se dissemina em partículas subtis e atinge os ossículos do meu ouvido... tornando-se vibrações traduzidas em mim (e por mim) em lembranças, em palavras, em sonhos, em ilusões. Por que é que o que nos deprime nos incita a escrever... nos inspira? Letras de músicas de amor, não são mais do que reflexos de frustrações... pelo tempo que não volta, pela pessoa que queremos agora e não volta, pelos momentos partilhados que não voltam. Que erro. Dignificar a tristeza. Recalcar a rejeição. Enaltecer a indiferença. Glorificar em poemas, prosas ou músicas, o desamor. Que erro. Que também cometo.

Queria escrever como ele, viajar como ele, afinal sinto a mesma vontade de escrever de seguida sem resguardo ou pudor. Afinal sinto a mesma vontade de vomitar sem esta ter sido causada por uma quantidade absurda de gramas de álcool no meu sangue, no meu corpo.

Mas talvez não. Talvez não queira ser como ele.
É bem melhor escrever, vomitando, sem compromissos de sintaxe, sem exigências de semânticas e de coordenação. Já um outro (J.L.Peixoto) escreve dois pontos, seguido de palavra, seguido de dois pontos, seguido de palavra. Contraria todas as regras de linguística por mim (não tão bem) absorvidas e (algumas já) esquecidas... Mas conseguiu, conseguiu, pois conseguiu, ser reconhecido. Aqui e lá fora. Lá fora é traduzido. É reconhecido.

Mas não é isso que eu quero.

Só quero que tu, que não me vês mas que és visto por mim, consigas absorver as minhas palavras e sentir tudo o que eu sinto quando as escrevo... para ti.

segunda-feira, junho 18, 2007

Viagem introspectiva

Quero, quero... Não, não.
Espero, espero, e por esperar, desespero.
Mas não passou assim tanto tempo, afinal, estou calma, estou em paz, nem desespero tanto assim.
Só quero um lugar para mim... estar completamente completa, viver plenamente na plenitude.
Mas eu estou bem.
Já cheguei.
As viagens solitárias e introspectivas dão-me para isto.
Fazer o quê.

Mensagem

O romantismo e o amor não existem, apenas, entre sexos opostos.
O amor e o romantismo entre sexos opostos são apenas uma grande fatia que as pessoas insistem em valorizá-la como se fosse o bolo inteiro que alimenta a vida.
Falta o amor pela família, gata, futuros filhos (amor incondicional)...

Falta o amor pela amizade, pelo prazer de vida...

Faltam muitos outros amores... e todos estes amores, romanceados ou não, ao contrário do outro, serão para sempre eternos e verdadeiros.

sábado, março 03, 2007

"I know not what tomorrow will bring..."

Quero escrever só porque penso que desse lado haverá uma leitura compreensiva e receptiva aos meus devaneios literários. Afinal, pouca gente à minha volta conseguirá decifrar as minhas introspecções metafísicas. Pouca ou quase nenhuma gente à minha volta revela interesse pela semântica das palavras que hoje se resumem a conversas e escritas banais e básicas que chegam a saturar a convivência social e a preferir, antes, o silêncio... Já não há "Pessoa" nas pessoas... aquele ser que enquanto viveu sempre se considerara um incompreendido e que hoje, prolifera pelos outdoors onde reinvindicam, por si, o voto de eleição do melhor... Como se houvesse um melhor. Não há. Há antes um conjunto de vários melhores. Cada um contribuiu para uma parte da nossa maravilhosa história. Sempre fui contra a evidência dos melhores. Ridicularizam e ostracizam ainda mais os "não melhores"... e limitam o conceito de "melhor" a ínfimas qualidades. O "melhor" a matemática poderá não ser o "melhor" a desenho... Nem acredito que o seja. Cada um tem um dom. Cabe-nos estimular esse dom e procurarmos ser o "melhor"... mas para nós, no meio de nós... não no meio de toda a gente... contribuindo antes para um "Melhor" Humanitário.

Por ser mais forte do que eu... esta força impeladora de movimentos falângicos que me "obrigam" a carregar nas teclas e a desenhar palavras como se elas tivessem algum sentido em existir... neste contexto. Não percebo, nem nunca perceberei por que é que, por mais voltas que dê ao Mundo, a sensação de soco seco na barriga continua a deixar-me controladamente retraída e a fugir... de tudo e de todos.